A presidente da Associação Nacional de Mulheres Policiais (Ampo), Creusa Camelier, e a empresária Eliete Pires, que mantêm uma ONG dedicada a crianças em situação de vulnerabilidade social, foram convidadas pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) para a cerimônia, nessa segunda-feira (25) no Palácio do Planalto, de lançamento da campanha publicitária do governo federal de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher – 2019. A ação marca o Dia Internacional para Eliminação da Violência Contra a Mulher, também celebrado hoje.
Segundo dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), este ano, o Ligue 180 recebeu mais de 46 mil denúncias de mulheres em situação de violência. Um aumento de 10,93% em relação ao mesmo período em 2018. Na ocasião, a ministra da pasta, Damares Alves, aproveitou para anunciar que esse mesmo canal, a partir de janeiro de 2020, vai proporcionar vídeo conferências para que as mulheres surdas também tenham seus direitos resguardados.
Ainda, conforme a ministra, 2020 vai começar com todas as delegacias do Brasil sendo preparadas para atender mulheres em vulnerabilidade. Agentes e policiais serão especializados na atividade, para o atendimento correto. A decisão tem como objetivo melhorar os números que indicam apenas 9% de delegacias de mulheres em todo o Brasil, mesmo após 35 anos da criação.
“Para as mulheres policiais também é um ganho. Podemos ter nossos espaços de trabalho e denúncia. Todas são suscetíveis e precisam se sentir seguras, dentro ou fora da profissão”, concordou a presidente da Ampol, Creusa Camelier.
Após as apresentações de mulheres que estão mudando a história dos ministérios na Esplanada em Brasília, e projetos e leis que o atual governo tem colocado em prática na defesa do público feminino, Damares Alves foi elogiada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, que ressaltou a dificuldade de encarar esse papel perante uma sociedade machista. “Você é mais uma mulher certa no lugar certo. É uma escolha difícil, não da minha parte, mas da sua parte em aceitar”, disse.
Outros anúncios importantes para as mulheres e o combate à violência foram: ocupação nas Câmaras de Vereadores com procuradorias das mulheres; reformulação da Casa da Mulher Brasileira, com presença em 100% dos municípios, a partir de R$ 800 mil; dois novos navios – um na Ilha do Marajó e outro na Amazônia – para funcionarem como Casas da Mulher Brasileira itinerantes; Programa Salve uma Mulher, que vai capacitar 340 mil agentes de saúde, 106 mil funcionários dos Correios, 30 mil conselheiros tutelares e mais de 1,7 mil agentes da Defensoria Pública da União para identificar e acudir mulheres vítimas de violência.
A ideia é trabalhar a transversalidade do tema, como definiu o presidente da República. “Devemos criar meios, normas, leis que façam os agressores sentirem cada vez mais e se arrependerem dos seus atos”, ressaltou Bolsonaro.
*Solidariedade além do Executivo*
Como convidadas e agora por dentro das ações do MMFDH, Creusa Camelier e Eliete Pires pretendem levar à ministra Damares solidariedade e empatia. A ideia é apresentar um projeto capaz de unir forças e trabalhar em cima da vulnerabilidade de mulheres, para que sejam empoderadas e possam redescobrir a vida além do agressor.
“Eu fui violentada e apanhava muito durante a minha infância. Aos sete anos eu precisei fugir de casa, pois não aguentava mais. Muitos viam tudo acontecer e não faziam nada. O irmão do meu padrasto me aliciava e meu padrasto me espancava. Naquele tempo, bater assim era correção. Minha mãe sabia de tudo, mas não podia fazer nada. Para onde ela iria com as filhas? Do que nós viveríamos? Mas graças a Deus fui adotada por uma tia e meus avós cuidaram de mim depois. Nunca mais passei por isso, até me casar e ver o próprio marido cometer os mesmos erros, agora comigo e com a nossa filha”, relata a empresária.
A presidente da Ampol se colocou à disposição para ajudar a mudar esse retrato da realidade do passado, para que não se repita no futuro. “Vou colaborar com a parte jurídica no projeto. Todas as mulheres policiais estão convidadas a se unirem conosco nessa batalha. Um país como o nosso, continental, precisa de mais fiscalização e punição para os agressores de mulheres. A tentativa de um projeto maior, a nível nacional, abre portas para que as próprias políticas de governo sejam verdadeiramente implementadas. Vamos dar um basta para a violência juntas”, declarou.