Ampol repudia fala de Vereador em apologia ao crime contra as mulheres

Vereador Wellington Oliveira (PSDB-MS) na Câmara de Campo Grande

A Associação Nacional das Mulheres Policiais do Brasil (Ampol) repudia as falas machistas e agressoras do vereador Wellington Oliveira (PSDB-MS) na Câmara de Campo Grande. Em discurso, o parlamentar afirmou que se um homem quiser matar a mulher ou os filhos e der “de cara” com a igreja fechada pode ser um aviso de Deus para voltar e cometer assassinato. Em seguida, ele afirma que os salões deveriam ser reabertos, já que nenhum marido no mundo aguentaria uma esposa sem fazer os cabelos ou as sobrancelhas.

Notadamente uma postura que, na contramão das lutas diárias femininas por respeito e lugar de fala, dissemina a cultura de patriarcado e naturaliza a violência contra mulheres e crianças. Um posicionamento que a Ampol, como defensora das mulheres dentro e fora das polícias brasileiras, não pode tolerar.

No próprio Estado do vereador, Mato Grosso do Sul, em 2018, foram contabilizados 86 feminicídios e, em 2019, 72, segundo o Monitor da Violência, do Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Sem contar os casos que são subnotificados por medo ou ameaças às vítimas e suas famílias.

Ainda de acordo com o levantamento, no ano passado, o Brasil registrou 3.739 homicídios dolosos de mulheres. Entre esses, 1.314 casos de feminicídios, um aumento de 7,3% em relação a 2018. O dado representa uma mulher morta a cada 7 horas, em média, somente por ser mulher.

Agência PT/Divulgação

Por essas que se foram, as que não têm coragem de denunciar e por aquelas que um dia podem ser vítimas tão somente pelo gênero, a Ampol pede empatia. Em um momento difícil como o que estão todos vivendo, de combate a uma pandemia, é inadmissível que um representante do povo faça qualquer discurso machista, sexista, racista, misógino ou sob qualquer forma de preconceito para justificar uma posição política.

Exigimos a retratação e as providências cabíveis para essa apologia ao crime, inserida nas falas mais inofensivas, porém perigosas. Em tempos de luta contra um vírus que pode dizimar vidas, é dever das mulheres e toda a sociedade brasileira lutar também contra o vírus da discriminação e do desrespeito às escolhas e à vida alheia.

Juntas seremos sempre mais fortes!

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