Ela não conseguiu romper o ciclo da violência, pois a dependência emocional já estava instalada. Quando a situação chega a esse nível, é muito difícil para a mulher sair sozinha de uma relação abusiva.

Por isso, precisamos educar nossas meninas e mulheres a reconhecerem relacionamentos abusivos desde muito cedo, pois a tendência é sempre piorar.

Ademais, o dispositivo amoroso ao qual somos ensinadas e criadas, é muitíssimo adoecedor para a mulher, visto que nossa subjetividade é mediada por um olhar masculino, de maneira que, culturalmente, essa mulher só será bem sucedida aos olhos de si e dos outros, se tiver um casamento, um relacionamento.

No dispositivo amoroso a mulher fica sempre disponível em uma “prateleira” para que um homem possa escolhê-la.

O dano emocional disso é absurdo, porque ela já entra na relação na condição de subalternidade: “fui escolhida”. Ela está sempre sujeita ao julgamento do homem, ao olhar dele, ao que ele ache bom, bonito e agradável ao seu gosto.

Assim, o mundo das nossas afetividades está sempre condicionado aos nossos relacionamentos afetivos com o outro, e quase nada conosco mesmo.

NÃO SOMOS ENSINADAS A NOS AMAR PRIMEIRO!

O que é um grande erro, porque perdemos o protagonismo da construção da nossa identidade, do nosso futuro, e dos nossos sonhos, criando desde muito cedo uma dependência emocional nas nossas afetividades.

Portanto, todo o empoderamento da mulher, deva incluir necessariamente a autonomia das suas afetividades, uma busca pelo autoconhecimento constante, uma emancipação real e profunda do seu significado pessoal.

Nesse processo a cultura, a religião e a família são fundamentais para a emancipação real de nossas meninas e mulheres e para a proteção de suas próprias vidas.

Sem essa conscientização pessoal e social, infelizmente nossas campanhas não serão suficientes para aplacar o número das nossas mortes.

**Por Cristiane Simões – 1a Diretora de Assuntos Militares da AMPOL

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