Ampol repudia ofensas dirigidas às PMs do Ceará e de todo o Brasil

E a Ampol também! Imagem: ASCOM/PMCE

Repúdio. Essa é a palavra que expressa o sentimento de toda a diretoria da Associação Nacional das Mulheres Policiais do Brasil (Ampol) em relação à fala do policial militar do Estado do Ceará sobre a atuação das mulheres na corporação. Em total desrespeito, machismo e sexismo, o agente desconfigura o papel primordial das mulheres policiais e prostitui a presença do sexo feminino ao simples prazer dos homens da segurança pública.

Na noite dessa quarta-feira, dia 15 de julho, o policial militar identificado como Rivelino, em áudio pelo aplicativo de mensagens WhatsApp, se refere às policiais da seguinte maneira: “elas era para estar no quartel para tirar o estresse da gente. Tá entendendo? Você chegasse estressado e tal, aí ela tava lá para resolver a parada, tá entendendo? Meia hora aí para o Rivelino, meia hora pra o fulano de tal. Aí pronto, era para ser usado nesse termo assim, né: ah, fez um contrato quando entrasse na polícia. Desse jeito, tá entendendo?”.

Não bastasse o absurdo, teve quem concordasse na conversa: “Sou obrigado a concordar, é uma tese interessante. Polícia sofre muito e os policiais sofrem muito do estresse psicológico; pressão psicológica muito grande na rua, não é? É interessante a ideia.”

A Polícia Militar do estado já se pronunciou e rechaçou veementemente a atitude dos policiais. A Ampol foi informada que providências iniciais já estão sendo tomadas e outras ações jurídicas serão encaminhadas por entidades também representantes das policiais não somente do Ceará, mas de todo o Brasil.

“Esse é um caso claro e típico do deslavado preconceito contra a presença da mulher nas polícias. Policial, não significa ser homem ou mulher, mas, sim, ter dignidade, decoro e destemor de zelar pela comunidade até mesmo com sacrifício pessoal. A dignidade da pessoa humana é uma convergência de todos os valores. Não podemos admitir uma postura repugnante como a desse policial, inclusive apoiado por outro, que fere a dignidade da cidadania dos contingentes da honrosa Polícia Militar do Estado do Ceará, ressalta a presidente da Ampol, Creusa Camelier.

Acabando com o incentivo

Atitudes como essa do policial incentivam e relativizam a violência sexual contra mulheres e, neste caso específico, tal comportamento é passível de ação por danos morais e na área penal pelo cometimento de crime de injúria.

O Brasil já amarga a conta de mais de 180 estupros por dia. Em 2018, o 13º Anuário de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, registrou 66 mil casos de violência sexual. Entre esses números, 82% dos casos são contra mulheres.

Esses dados são os mais altos desde 2009, quando a tipificação do crime de estupro, no Código Penal Brasileiro, foi alterado e o atentado ao pudor passou a ser enquadrado como estupro.

Consciente de que não pode haver generalização com o fato, a Ampol toma frente à luta e pede apoio também do público masculino, dentro e fora das polícias, no combate a esse tipo de pensamento que tem norteado a rotina e a cultura da sociedade brasileira por tantos anos, mas que não dialoga mais com a realidade do empoderamento feminino e do lugar de fala conquistados com muito suor.

COMPARTILHAR