Setembro Amarelo recorda, em mais um ano, a luta contra o suicídio com o lema “A vida é a melhor escolha!”. O último sábado, dia 10, foi o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas, para a Associação Nacional das Mulheres Policiais do Brasil (Ampol), a luta é diária, já que, somente em 2021, houve um aumento de 55,4% na taxa de suicídios entre policiais do Brasil. Em cada proposta de melhoria da qualidade de trabalho e vida para as diferentes forças policiais, a Ampol preza pela saúde e a longevidade de cada policial empenhado.
Em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, foram notificados mais de 700 mil suicídios, mas a estimativa é ainda maior e pode chegar a 1 milhão de casos. No Brasil, são registrados até 14 mil casos por ano (38 pessoas por dia), entre esses, no ano passado, 101 casos foram somente de policiais, conforme os dados compilados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública no 16º Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Vale ressaltar que os dados do Anuário não estão completos, já que quatro estados brasileiros não enviaram as informações para a compilação do Fórum. Portanto, esses números entre as forças da segurança pública podem ser ainda maiores. Entre os enviados, o estado que mais registrou suicídio na corporação foi São Paulo, com 16 policiais militares e oito civis mortos ano passado.
Para a Ampol, é preciso reduzir esses números com políticas eficazes e o fim do preconceito àqueles que precisam de ajuda. Nos últimos anos, os policiais viram seus direitos serem cerceados pela Reforma da Previdência e outros ataques, com decisões que impactam diretamente na entrega diária desses profissionais.
Ataques de cunho financeiro, que mexem com os benefícios, gratificações e as aposentadorias dos policiais têm riscos fatais. Recentemente, o presidente assinou 36 vetos e, entre esses, justamente a verba para reajuste e regulamentação de gratificação para a PF, PRF, PMDF servidores do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Além desses vetos, somente no atual governo, as categorias sofreram outras graves perdas de direitos, como a promulgação da EC n• 103/2019 (Reforma da Previdência), sem regras de transição, impingindo profunda insegurança jurídica e agressivas perdas de direitos; a LC 173/20, que decretou o congelamento de salários; a EC n• 109/2021, que prorroga o período do congelamento salarial por até 15 anos e no momento está sendo negociada no Congresso Nacional; a PEC 32/2020, da Reforma Administrativa, que tem no texto mais restrições de direitos e desestruturação das carreiras das instituições policiais, que podem prejudicar toda a sociedade brasileira, com a economia implantada na segurança pública.
“Os números não mentem! Esse aumento significativo e preocupante de suicídio entre os policiais reflete a desvalorização e as perdas que as categorias vêm sofrendo ao longo dos anos. A Ampol está à disposição para buscar ajuda para os que se sentem cansados e sem esperanças. Por um lado, seguiremos lutando para que nenhum direito seja retirado dos servidores e suas famílias, por outro, permaneceremos de braços abertos para pensar em ações e estratégias que reduzam os danos psicológicos, com todo o apoio e empatia”, ressalta a presidente da associação, Creusa Camelier.